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METATECNOLOGIA - Base para Decisão

A tecnologia a serviço da comunidade é uma das formas de garantir que o cidadão e o  país venham a utilizar-se dos seus benefícios, principalmente no Brasil, onde os investimentos tecnológicos comparam-se, muitas vezes, aos do primeiro mundo, enquanto o seu retorno tem deixado a desejar.

 

A formação dos conceitos de convivência da tecnologia com a comunidade deve passar obrigatoriamente pelos campus universitários, para atingir sua maturidade no ambiente produtivo rural e industrial, através de negociações comerciais equilibradas.  Este ideal, por demais conhecido,  não tem sido realidade no nosso país. Vários complicadores têm contibruído para este fato, tradicionalmente denominados de sócio-políticos, sócio-econômicos e sócio-culturais. A partir desta constatação, tem-se entrado na roda viva das lamentações e acusações recíprocas, que acabam destruindo as iniciativas que despontam.

 

Utilizar-se da tecnologia é uma alternativa para o rompimento deste ciclo perverso. É necessário que a tecnologia forneça meios adequados para o desenvolvimento e utilização da própria tecnologia, definindo-se para cada ambiente e especialidade a "metatecnologia" - tecnologia para a tecnologia - mais apropriada. Este princípio pode induzir a exaltação da indesejável tecnocracia, o governo dos técnicos, ou pior ainda, o estímulo à valorização do tecnocrata - partidário da tenocracia: aquele que procura soluções meramente técnicas ou racionais, desprezando os aspectos humanos e sociais dos problemas -.

 

 

 

A tecnologia a serviço da comunidade é o caminho para evitar esta distorção, atribuindo-se à comunidade a responsabildade pela consideração dos referidos aspectos humanos e sociais face ao desenvolvimento e uso da tecnologia.

 

 

 A comunidade, aqui utilizada no sentido mais amplo, - qualidade ou estado do que é comum - , não conflita com as especializações de amplitude crescente, citadas no Aurélio, como:

 

                        - a comunidade de sentimentos;

                        - de interesses;

                        - de posses, direitos e obrigações em comum;

            - o grupo de pessoas com formação social complexa, em suas    características específicas e individualizantes como a    comunidade científica;

- o corpo social (sociedade);

- qualquer grupo social de uma região, irmanados por uma    mesma herança cultural e histórica;

- concluindo-se pelo conceito da sociologia, onde a    comunidade é um agrupamento de pessoas que se    caracteriza por forte coesão baseada no consenso    espontâneo dos indivíduos.  

 

 

Fundamentado o tema tecnologia a serviço da comunidade, convém lembrar que a tecnologia permeia produtos e serviços. Quando falamos em tecnologia para a tecnologia, a caracterizamos inicialmente como um serviço para a própria tecnologia, que prestado com efetividade pode gerar produtos para lhe dar suporte. As mais recentes tecnologias incorporam rapidamente outras tecnologias, que muitas vezes tratadas como caixa-preta para viabilizar sua comercialização e uso, geram insegurança para os profissionais da tecnologia e altos riscos para seus compradores e usuários.

 

 

 

Na presente "terceira onda" a Tecnologia da Informação e o Software são, inicialmente, complicadores para as organizações e seus usuários. É necessário vencer algumas barreiras para que o seu potencial venha a ser produtivo. Uma das dificuldades é definir a correta abordagem como serviço ou produto, a ponto de recentemente admitir-se a classificação ternária - produto, serviço e software - tal a particularidade deste último serviço ou produto!  Se a abordagem da tecnologia for confusa, dificilmente o desenvolvimento, a comercialização e o uso serão confortáveis. Na atualidade, é inadequado falar de Tecnologia da Informação sem estar vinculada ao Software, porém é correto não subordiná-la ao mesmo. A intimidade, porém, é tamanha, que a abordagem de ambas as tecnologias deve atender a compromissos recíprocos.

 

 

Outro complicador é o fato de que as demais tecnologias de ponta farão cada vez mais o uso intensivo da Tecnologia da Informação e do Software, tornando-os por definição "metatecnologias" antes mesmo de consolidarem-se como tecnologias puras. A complexidade e importância de ambas na atualidade podem  ser avaliadas pelas seguintes citações:

 

 

- No livro Ciência do CAOS - de James Gleick - 1987, referindo-se ao campus de Santa Cruz da Universidade da Califórnia:

 

 

" A marca mais característica da pesquisa do grupo de Santa Cruz sobre o CAOS (1984) relacionava-se com uma combinação de  matemática e filosofia, conhecida como a teoria da informação, inventada em fins da década de 40 por um pesquisador da Bell Telephone Laboratories, Claude Shannon que deu ao seu trabalho o título de ' Teoria Matemática da Comunicação ', embora se relacionasse com uma quantidade muito especial chamada de informação,  o nome de Teoria da Informação é que pegou. "

 

 

É sintomática a associação do caos com o tratamento da informação.

 

 

 

 

- No livro War and Anti-War - de Alvin e Heide Toffler - 1993:

 

 

" Tomorrow, as information and knowledge become the core of advanced economies, they say, we will see the triumph of ' software over steel '; provavelmente no duplo sentido.

 

 

Há várias citações sobre as semelhanças crescentes entre os negócios da atualidade e a indústria da defesa, ressaltando em ambos a importância do software. Prevê que a competitividade do futuro, inclusive a bélica, se dará entre a tecnologia a ser utilizada para neutralizar a tecnologia adotada  pelo  opositor.

 

 

       

Adotando-se inicialmente a Teoria da Informação e o Software  como  metatecnologias afins e imprescindíveis para o suporte ao desenvolvimento, comercialização e uso das demais tecnologias, é possível definir envoltórias para abordá-las com mais efetividade. Por que efetividade?

 

 

Uma das trilogias a ser buscada na QUALIDADE é :

 

                                               -  Eficiência;

                                               -  Eficácia;

                                               -  Efetividade.

 

A eficiência, considerada como a virtude de produzir efeito quantificado, tem sido avaliada pela produtividade, na razão da produção por custo. A eficiência tecnológica no nosso país tem sido considerada satisfatória e crescente.

 

Já a eficácia, que deve produzir o efeito desejado, evidencia fragilidades na nossa nacionalidade, vaidosa que é do seu jeito de adaptar-se a novas condicionantes e objetivos. É possível que nos próximos anos, quando a flexibilidade em todas as atividades humanas deverá ser muito maior que a praticada atualmente (paradoxalmente graças ao software), quando os objetivos também serão mutantes, descaracterizando os tão mal praticados  métodos - caminhos para os objetivos - , é possível, dizia-se, que venhamos a ser mais eficazes.

 

 

Quanto à questionada efetividade - qualidade do que é efetivo, que tem efeito, que é real, permanente - somos conscientes da nossa deficiência. Porisso precisamos investir em efetividade, em particular no estágio atual dos programas de Qualidade Total, onde a referida efetividade depende da aceitação do produto, serviço ou software pelo comprador e pelo usuário. 

 

 

Falávamos que é possível, mais do que isso, necessário e urgente, definir envoltórias para abordarmos a Teoria da Informação e o Software com mais efetividade. Pode-se deduzir pelo exposto acima que o software é  mais recursivo que qualquer outra metatecnologia, por estar agora explícito na trilogia - produto, serviço e software -, e como tal merece tratamento muito especial. 

 

 

Consideramos que a melhor envoltória a ser considerada são os Sistemas  de   Informação (SI).  Eles devem utilizar-se de ambas as tecnologias,  orientar sua aplicação e ter a aceitação da organização  e dos usuários.  O porte dos SI é sempre tratável, porque depende do seu próprio CONTEXTO -  fronteiras do sistema  - e  do  ENFOQUE
- visualização comum do sistema - a serem definidos no ambiente e condicionados pela experiência, recursos e necessidades das organizações.

 

 

Ao citar os Sistemas de Informação, é inevitável falar em INFORMÁTICA -  tratamento racional e automático da informação -. Ciência e indústria; produto, serviço, software e hardware. Ou ainda ampliando mais seu escopo, TELEINFORMÁTICA - integração dos recursos das telecomunicações com a informática -

 

 

 

Já estamos percebendo a dificuldade na definição, para compradores, gerentes e usuários, dos conceitos básicos de duas metatecnologias afins, que se pretende venham auxiliá-los na decisão e utilização de outras tecnologias ou delas próprias. Muitos dos desdobráveis conceitos não estão consolidados no ambiente de produção direta ou acadêmica.

 

 

Neste espaço continuaremos a tratá-los com a maior simplicidade possível, porém conscientes da complexidade que os abraça,  confiantes  sem ilusões, porque em tecnologia os últimos serão os últimos, como aprendi na fila de um agradável restaurante em Teresópolis. 

 

 

 

Falaremos dos Sistemas Organizacionais e  Computacionais, que tratados em conjunto com a Administração dos Recursos Humanos constituem-se nos elementos básicos para os Programas de Qualidade. Passaremos pelas metodologias, integração, gerência e fatores de desempenho, chegando ao modernismo da REENGENHARIA.

Cicero Garcez disse:

Excelente entrevista com o Prof Emmanuel Passos.

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